Punto t-jet Vs Uno turbo ie "Baile de debutante"


Uno Turbo (à dir.) é do tempo que esportivo tinha duas portas; aqui, só há Punto com quatro portas
A história começa na primeira semana de abril de 1994. A Fiat precisava mostrar serviço para alçar voos ousados no Brasil. Aproveitou o dólar a R$ 0,85 para abarrotar sua linha com motores esportivos importados da Itália. Tinha de tudo: injeções eletrônicas, cabeçotes de motor com 16 válvulas e, claro, turbocompressores. E poucos sabiam o que fazer com isso. Mandaram trazer de Turim um pequenino motor 1.4 usado no Punto deles. Ninguém dava nada por ele até ver o milagre que uma turbina Garrett e um "intercooler" (resfriador de ar) poderiam fazer.
Pronto. Foi o suficiente para nomear o Uno como o primeiro carro turbinado de série do Brasil. Lembra-se? Era um país que enaltecia o então motor AP 2.0 do Gol GTi, ainda penando para se adequar ao complexo sistema analógico de injeção eletrônica. A geringonça foi aperfeiçoada para enfim equipar o Uno Turbo. Era um tempo em que os carros se orgulhavam das "novas" invenções, como a injeção, o catalisador, o câmbio automático, o freio ABS (antitravamento)... E estampavam tudo na tampa traseira, numa sopa de letrinhas.
Geração Coca-Cola
Com a injeção, era um tal de MPFI aqui, GLSi acolá. O Uno foi mais direto: apenas "i.e.", de injeção eletrônica, ao lado do escrito "Turbo" em relevo.
Agora, exatamente 15 anos depois, o pequeno notável da Fiat encontra sua geração Coca-Cola: tem pressão, mas se sacudir perde o gás.
Sua graça? Punto T-Jet. O sobrenome é um neologismo para designar um motor turbinado que tem vergonha dos seus 1.368 cm3 de cilindrada. Daí o americanismo: "T-Jet". Você não verá a Fiat bater no peito e dizer: "Meu novo esportivo é o Punto 1.4 Turbo". Pois deveria. É a prova viva do "downsizing", palavra em inglês para resumir os novos motores pequenos, que, com turbo ou compressor, andam bem e bebem pouco.
"Os turbos estão menores. E é possível monitorar melhor a injeção de combustível", diz o engenheiro Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat. Ele participou do desenvolvimento do Uno Turbo e do Punto T-Jet. Curiosidades não faltam. Ferreira conta que, em 1994, o primeiro desafio era colocar tanta coisa num carro tão pequeno. O cofre do motor do Uno até então só havia recebido motores até o 1.6R. Sobrava até lugar para o estepe, uma ideia original do italiano Giorgetto Giugiaro, em 1982.Com as mangueiras do turbo e o "intercooler", não sobrou espaço sequer para a direção hidráulica e para o evaporador do ar-condicionado. A direção acabou entrando na marra, mas o ar ficou para o ano seguinte. E o estepe?
Uno esperava 30s antes de desligar motor
O estepe foi apenas uma das muitas dores de cabeça da Fiat na homologação do Uno Turbo.
O primeiro desafio era adaptar o motor italiano à gasolina brasileira (ao menos 20% de álcool) e conseguir resfriar e lubrificar o turbo em uso severo.
"Eu mesmo escrevi o texto do manual recomendando que o motorista do Uno aguardasse em marcha lenta por 30s antes de desligar o motor", relembra Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat. O Punto T-Jet não tem essas frescuras. Pode ser usado como um carro comum e desligado quando você bem entender. Pudera: na Europa, ele já foi bem testado nas três versões de Punto com esse motor, gerando 120 cv, 155 cv (Abarth) ou 180 cv (Abarth SS).
Aqui optaram pela intermediária, que perdeu 3 cv e ficou com 152 cv. O Uno tem 118 cv.
Nem a pressão do turbo de 1 bar -ante 0,8 bar do Uno- foi suficiente para fazer o T-Jet arrancar melhor. No teste Folha-Mauá, ele precisou de 9,67s para atingir 100 km/h. O Uno, em 1994, levou apenas 8,89s.
"O peso é vital nessa prova", comenta Ferreira. São 975 kg do Uno contra 1.230 kg do Punto, que, mesmo assim, tem melhor relação peso/potência.
Com esse desempenho, fica difícil encontrar um Uno Turbo em bom estado. Se você gostou do vermelhinho das fotos, esqueça. Seu dono, o promotor de vendas Weligthon Oliveira, 25, a essa hora está trocando-o por um Gol 1997. "É melhor para ir e voltar do trabalho", diz. Em tempo: o estepe do Uno foi para trás e deixou 245 l para as malas.
Cinto vermelho ia virar samba do crioulo doido no Punto
O Uno Turbo herdou do Uno 1.6R o cinto de segurança vermelho. A moda acabou chegando ao Punto Sporting 1.8, mas não ao T-Jet, que tem o cinto normal, preto. "Optamos por usar a cor da carroceria no painel. E misturar, por exemplo, o amarelo do console com o cinto vermelho ficaria uma salada", diz Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat. No mais, há tudo que um esportivo de verdade merece: bancos e volante esportivos e forrados de couro, manopla com boa pega, pedaleiras de alumínio e manômetro para monitoramento da pressão do turbo. No Punto, ele é digital e fica no centro do painel de instrumentos. Já no Uno, é analógico e indica até 0,8 bar de pressão máxima.
Uninho é um foguetinho já tomei , pitoco de um uninho deste na epoca eu tinha um Vectra GSI , maravilhoso um monstro de maquina .
