G1 entrevista o presidente da Fiat do Brasil
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G1 entrevista o presidente da Fiat do Brasil
Leia a seguir os principais trechos da entrevista
G1 — A Fiat considera crescimento de 5% para as vendas de carros em 2010, o que é considerado significativo diante do alto patamar deste ano. O que a Fiat prepara para esse mercado de mais de 3 milhões de unidades?
Cledorvino Belini — Entre 2008 e 2010 estamos investindo R$ 5 bilhões no setor de automóveis e sempre lançando novas tecnologias e novos produtos. Já ampliamos a capacidade da fábrica de Betim (para 800 mil unidades), acabamos de lançar o novo Doblò, lançamos recentemente a picape Strada Cabine Dupla e, para o ano que vem, reservamos 20 novas surpresas. Antecipar os desejos e anseios dos consumidores, essa é a linha filosófica da Fiat.
G1 — Sobre a estratégia da Strada Cabine Dupla, ninguém acreditava que esse segmento daria certo. Mas a Fiat arriscou e já está com vendas significativas. Qual o volume comercializado até agora?
Cledorvino Belini — Iniciamos a produção pensando em um volume que poderia chegar a 1 mil carros por mês e, hoje, se nós tivéssemos 5 mil estariam todos vendidos. A realidade é que está indo muito bem. Ainda faz parte do pico de lançamento, mas acreditamos que vai se estabilizar na ordem de 3 mil carros por mês.
G1 — O senhor acredita que a Volkswagen vai inventar um produto para concorrer no segmento? Não ouviu nenhuma especulação?
Cledorvino Belini — Não tenho ouvido nenhuma especulação a este respeito.
G1 — A Volkswagen disse que boa parte do investimento em produtos vai para o segmento de comerciais leves. Primeiramente, ela investirá em picape média, porque a Fiat não tem produto neste segmento. Como vocês enxergam a concorrência nesse segmento, que é onde a Volks quer passar a Fiat para atingir a liderança?
Cledorvino Belini — É natural que cada companhia procure investir no segmento onde possa ter mais oportunidades e nós acreditamos que o mercado de comerciais leves tende a crescer bastante no Brasil, principalmente o de comerciais pequenos devido justamente ao trânsito nas grandes cidades. Por exemplo, a proibição de caminhões dentro dos centros urbanos vai permitir que os comerciais leves façam esse trabalho. Esse é um ponto que o mercado tende a crescer, mas nós também vamos investir nesse segmento.
G1 — Então reserva surpresas nesse segmento para o ano que vem?
Cledorvino Belini — Não digo para o ano que vem, nós temos projetos de médio e longo prazo. E sempre estamos investindo. Um exemplo foi a picape cabine dupla que lançamos neste ano.
G1 — Os investimentos terminam em 2010. Já tem previsão de novo volume para aplicar no país?
Cledorvino Belini — O ciclo de investimento vai de 2008 a 2010 e agora nós estamos estudando novo ciclo de investimentos para o período de 2011 a 2015.
G1 — A Fiat trouxe o 500 e entrou em um nicho de mercado que no Brasil ganhou destaque, apesar da faixa de preço. Vocês pretendem trazer outros produtos agora que o câmbio favorece ou até por conta da aliança com a Chrysler?
Cledorvino Belini — Não tem. A Chrysler é independente, ela tem estrutura e rede de distribuição própria e a Fiat só tem 20% de suas ações. A Fiat vai dar suporte à rede Chrysler nos serviços administrativos, na parte de distribuição de peças, agilizar as importações, tudo isso para melhorar os serviços da rede de concessionárias. Em relação à importação de veículos, não temos planos nenhum. É só o 500 que, como você falou, é de um segmento “cult”, de nicho de mercado. Todos os demais veículos nós cobrimos por produtos feitos no Brasil.
G1 — O senhor acredita que o aumento das importações, de uma forma geral, irá prejudicar a indústria?
Cledorvino Belini — O aumento das importações não é o problema, o problema é a diminuição das exportações. Isso mostra que nós estamos perdendo a competitividade dos manufaturados. O Brasil não pode exportar somente montanhas ou bananas, ou seja, commodities. Nós temos que exportar produtos com valor agregado. O Brasil tem que ter competitividade nesses produtos para agregar mão de obra, para desenvolver a ciência, tecnologia, inovação, para assim competir lá fora.
G1 — E competitividade se ganha com escala produtiva. O senhor sempre defendeu que quando o Brasil chegar a uma escala de 5 milhões de unidades de produção de veículos o país terá uma posição competitiva melhor.
Cledorvino Belini — Sem dúvida nenhuma. Eu acredito que o Brasil precisa ter uma escala de produção na ordem de 5 milhões de unidades para ter competitividade, para exportar mesmo com o real fortalecido. É difícil prever quando isso será possível, mas acredito que o país tem chances enormes. O Brasil tem hoje uma estabilidade econômica que nos permite ter um crescimento na ordem de 4% a 5% ao ano e, se isso acontecer, acredito que antes de 2015 teremos chance de atingir essa maturidade industrial.
G1 — Tal escala viria com a ajuda do Mercosul, especificamente das fábricas argentinas?
Cledorvino Belini — Sem dúvida a escala dos dois países ajudaria. Com 500 mil a 600 mil carros produzidos lá e 3 milhões aqui no Brasil já são 3,5 milhões. Para chegar a 5 milhões só falta 1,5 milhão. Teríamos capacidade para concorrer com mercados do hemisfério norte.
G1 — A Fiat é pioneira no desenvolvimento de carros elétricos no país. Como se encaixaria o carro elétrico no país do carro flex?
Cledorvino Belini — A matriz energética para veículos vai ser mista no futuro. Acho que tem o espaço para o carro elétrico, porém ainda tem muito desenvolvimento tecnológico a ser feito. Há 10 anos as baterias pesavam 1.000 kg, hoje elas pesam 164 kg, com a nanotecnologia seguramente as baterias vão pesar muito menos. E a autonomia que hoje é de 120 km poderá chegar a 400 km, então aí será o momento de o produto começar a ter seu espaço no mercado. E temos uma matriz energética muito boa, que é o álcool, que tem uma reputação extraordinária no mundo inteiro, porque quando a cana está crescendo, pela fotossíntese absorve gás carbônico. Isso realmente é uma vantagem competitiva do Brasil. Temos que continuar investindo e encontrar outros caminhos, seja para uma nova geração de álcool seja para motores mais eficientes.
G1 — Sobre a prorrogação do IPI até março do ano que vem, o senhor acredita que seja uma medida exagerada, até mesmo “eleitoreira”, ou realmente a indústria ainda precisa deste suporte para manter o nível de crescimento alto?
Cledorvino Belini — Acho uma medida acertada por duas razões. O primeiro trimestre é normalmente menos vigoroso, costuma-se dizer que o Brasil só começa depois do Carnaval. Isso vai permitir com que a indústria já no início de janeiro comece a produzir e vender automóveis. Em segundo lugar, permitindo com que aumente a demanda de veículos flex e isso vai de encontro à tendência "verde" que beneficia o Brasil neste momento.
G1 — Isso não forçará a antecipação das vendas e, assim, gerar quedas nos meses seguintes?
Cledorvino Belini — Não. Acredito que o Brasil no ano que vem tende a crescer 5% (PIB) na média. O país tem mais de US$ 220 bilhões em reservas, tem o índice de confiança do consumidor que aumenta mês a mês, tem juros que estão baixos. Tudo isso vai fazer com que a economia gire bem no próximo ano, consequentemente, a ideia que percebemos é uma média estável, não com altos e baixos como houve este ano, além da antecipação da demanda porque ia acabar o IPI. Temos regras claras, que o desconto vai até março, isso gera estabilidade. Depois, lutamos sempre por menores impostos. Com menores impostos teremos mais demanda e mais empregos, o que significa maior arrecadação para o governo. Os impostos representam 32% do preço total do carro.
G1 — O assunto mais polêmico do ano para o setor foi o recorde de recalls. O que justificaria isso, um novo patamar de produção?
Cledorvino Belini — Acho que é um avanço que o país está tendo e acho que simplesmente é uma coisa absolutamente normal. Algum acidente de percurso durante um processo produtivo pode gerar realmente um recall. É uma responsabilidade das montadoras, é uma responsabilidade dos consumidores também em fazer o recall de forma a dar segurança ao seu veículo no trânsito, nas condições da cidade ou do ponto de vista ambiental. Então, acho que é absolutamente normal, estamos tratando de uma coisa que no mundo inteiro é absolutamente normal
Fonte: G1
G1 — A Fiat considera crescimento de 5% para as vendas de carros em 2010, o que é considerado significativo diante do alto patamar deste ano. O que a Fiat prepara para esse mercado de mais de 3 milhões de unidades?
Cledorvino Belini — Entre 2008 e 2010 estamos investindo R$ 5 bilhões no setor de automóveis e sempre lançando novas tecnologias e novos produtos. Já ampliamos a capacidade da fábrica de Betim (para 800 mil unidades), acabamos de lançar o novo Doblò, lançamos recentemente a picape Strada Cabine Dupla e, para o ano que vem, reservamos 20 novas surpresas. Antecipar os desejos e anseios dos consumidores, essa é a linha filosófica da Fiat.
G1 — Sobre a estratégia da Strada Cabine Dupla, ninguém acreditava que esse segmento daria certo. Mas a Fiat arriscou e já está com vendas significativas. Qual o volume comercializado até agora?
Cledorvino Belini — Iniciamos a produção pensando em um volume que poderia chegar a 1 mil carros por mês e, hoje, se nós tivéssemos 5 mil estariam todos vendidos. A realidade é que está indo muito bem. Ainda faz parte do pico de lançamento, mas acreditamos que vai se estabilizar na ordem de 3 mil carros por mês.
G1 — O senhor acredita que a Volkswagen vai inventar um produto para concorrer no segmento? Não ouviu nenhuma especulação?
Cledorvino Belini — Não tenho ouvido nenhuma especulação a este respeito.
G1 — A Volkswagen disse que boa parte do investimento em produtos vai para o segmento de comerciais leves. Primeiramente, ela investirá em picape média, porque a Fiat não tem produto neste segmento. Como vocês enxergam a concorrência nesse segmento, que é onde a Volks quer passar a Fiat para atingir a liderança?
Cledorvino Belini — É natural que cada companhia procure investir no segmento onde possa ter mais oportunidades e nós acreditamos que o mercado de comerciais leves tende a crescer bastante no Brasil, principalmente o de comerciais pequenos devido justamente ao trânsito nas grandes cidades. Por exemplo, a proibição de caminhões dentro dos centros urbanos vai permitir que os comerciais leves façam esse trabalho. Esse é um ponto que o mercado tende a crescer, mas nós também vamos investir nesse segmento.
G1 — Então reserva surpresas nesse segmento para o ano que vem?
Cledorvino Belini — Não digo para o ano que vem, nós temos projetos de médio e longo prazo. E sempre estamos investindo. Um exemplo foi a picape cabine dupla que lançamos neste ano.
G1 — Os investimentos terminam em 2010. Já tem previsão de novo volume para aplicar no país?
Cledorvino Belini — O ciclo de investimento vai de 2008 a 2010 e agora nós estamos estudando novo ciclo de investimentos para o período de 2011 a 2015.
G1 — A Fiat trouxe o 500 e entrou em um nicho de mercado que no Brasil ganhou destaque, apesar da faixa de preço. Vocês pretendem trazer outros produtos agora que o câmbio favorece ou até por conta da aliança com a Chrysler?
Cledorvino Belini — Não tem. A Chrysler é independente, ela tem estrutura e rede de distribuição própria e a Fiat só tem 20% de suas ações. A Fiat vai dar suporte à rede Chrysler nos serviços administrativos, na parte de distribuição de peças, agilizar as importações, tudo isso para melhorar os serviços da rede de concessionárias. Em relação à importação de veículos, não temos planos nenhum. É só o 500 que, como você falou, é de um segmento “cult”, de nicho de mercado. Todos os demais veículos nós cobrimos por produtos feitos no Brasil.
G1 — O senhor acredita que o aumento das importações, de uma forma geral, irá prejudicar a indústria?
Cledorvino Belini — O aumento das importações não é o problema, o problema é a diminuição das exportações. Isso mostra que nós estamos perdendo a competitividade dos manufaturados. O Brasil não pode exportar somente montanhas ou bananas, ou seja, commodities. Nós temos que exportar produtos com valor agregado. O Brasil tem que ter competitividade nesses produtos para agregar mão de obra, para desenvolver a ciência, tecnologia, inovação, para assim competir lá fora.
G1 — E competitividade se ganha com escala produtiva. O senhor sempre defendeu que quando o Brasil chegar a uma escala de 5 milhões de unidades de produção de veículos o país terá uma posição competitiva melhor.
Cledorvino Belini — Sem dúvida nenhuma. Eu acredito que o Brasil precisa ter uma escala de produção na ordem de 5 milhões de unidades para ter competitividade, para exportar mesmo com o real fortalecido. É difícil prever quando isso será possível, mas acredito que o país tem chances enormes. O Brasil tem hoje uma estabilidade econômica que nos permite ter um crescimento na ordem de 4% a 5% ao ano e, se isso acontecer, acredito que antes de 2015 teremos chance de atingir essa maturidade industrial.
G1 — Tal escala viria com a ajuda do Mercosul, especificamente das fábricas argentinas?
Cledorvino Belini — Sem dúvida a escala dos dois países ajudaria. Com 500 mil a 600 mil carros produzidos lá e 3 milhões aqui no Brasil já são 3,5 milhões. Para chegar a 5 milhões só falta 1,5 milhão. Teríamos capacidade para concorrer com mercados do hemisfério norte.
G1 — A Fiat é pioneira no desenvolvimento de carros elétricos no país. Como se encaixaria o carro elétrico no país do carro flex?
Cledorvino Belini — A matriz energética para veículos vai ser mista no futuro. Acho que tem o espaço para o carro elétrico, porém ainda tem muito desenvolvimento tecnológico a ser feito. Há 10 anos as baterias pesavam 1.000 kg, hoje elas pesam 164 kg, com a nanotecnologia seguramente as baterias vão pesar muito menos. E a autonomia que hoje é de 120 km poderá chegar a 400 km, então aí será o momento de o produto começar a ter seu espaço no mercado. E temos uma matriz energética muito boa, que é o álcool, que tem uma reputação extraordinária no mundo inteiro, porque quando a cana está crescendo, pela fotossíntese absorve gás carbônico. Isso realmente é uma vantagem competitiva do Brasil. Temos que continuar investindo e encontrar outros caminhos, seja para uma nova geração de álcool seja para motores mais eficientes.
G1 — Sobre a prorrogação do IPI até março do ano que vem, o senhor acredita que seja uma medida exagerada, até mesmo “eleitoreira”, ou realmente a indústria ainda precisa deste suporte para manter o nível de crescimento alto?
Cledorvino Belini — Acho uma medida acertada por duas razões. O primeiro trimestre é normalmente menos vigoroso, costuma-se dizer que o Brasil só começa depois do Carnaval. Isso vai permitir com que a indústria já no início de janeiro comece a produzir e vender automóveis. Em segundo lugar, permitindo com que aumente a demanda de veículos flex e isso vai de encontro à tendência "verde" que beneficia o Brasil neste momento.
G1 — Isso não forçará a antecipação das vendas e, assim, gerar quedas nos meses seguintes?
Cledorvino Belini — Não. Acredito que o Brasil no ano que vem tende a crescer 5% (PIB) na média. O país tem mais de US$ 220 bilhões em reservas, tem o índice de confiança do consumidor que aumenta mês a mês, tem juros que estão baixos. Tudo isso vai fazer com que a economia gire bem no próximo ano, consequentemente, a ideia que percebemos é uma média estável, não com altos e baixos como houve este ano, além da antecipação da demanda porque ia acabar o IPI. Temos regras claras, que o desconto vai até março, isso gera estabilidade. Depois, lutamos sempre por menores impostos. Com menores impostos teremos mais demanda e mais empregos, o que significa maior arrecadação para o governo. Os impostos representam 32% do preço total do carro.
G1 — O assunto mais polêmico do ano para o setor foi o recorde de recalls. O que justificaria isso, um novo patamar de produção?
Cledorvino Belini — Acho que é um avanço que o país está tendo e acho que simplesmente é uma coisa absolutamente normal. Algum acidente de percurso durante um processo produtivo pode gerar realmente um recall. É uma responsabilidade das montadoras, é uma responsabilidade dos consumidores também em fazer o recall de forma a dar segurança ao seu veículo no trânsito, nas condições da cidade ou do ponto de vista ambiental. Então, acho que é absolutamente normal, estamos tratando de uma coisa que no mundo inteiro é absolutamente normal
Fonte: G1
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