Ilusões de mercado – os compactos “premium”
Ilusões de mercado – os compactos “premium”
*** Boa.. uhahuauhauha, na verdade todos os carros são ilusões se formos avaliar os preços pelo que eles nos oferecem..rs ***
Apesar de sabermos que são bastante recorrente os debates sobre preços de carro no Brasil, existe um segmento no mercado que tem me intrigado muito e que espero poder contribuir para esse debate sem fim.
Trata-se, a grosso modo, do compacto premium. Há coisa nesse segmento que me irrita mais do que um Celta, uma Kombi ou um Gol G4. Estes, ao menos, se apresentam exatamente o que são: baratos, feios, mal fabricados e inseguros, portanto, atendem perfeitamente bem a pão-durice das empresas ou a exigência suprema de cidadões que não anseiam nada além do 0km estampado no painel. Aqui no NA, muitos reclamam, berram, xingam e choram, mas não tem jeito, estes veículos jamais saem de produção. Fala-se tanto sobre eles que de alguma forma já se tornaram inofensivos em sua obviedade.
No entanto, algo mais cínico e menos óbvio acontece nos compactos premium, como o Polo ou a nova geração do Fiesta, que está por vir. Um Polo 1.6, por exemplo, é certamente melhor que um Gol ou Fox de mesma motorização. Ele é mais refinado, melhor de dirigir e mais bem acabado, e isso já é justificativa para qualquer entusiasta, por mais que seu preço seja mais alto.
Mas esqueça tais critérios um momento… O fato é que ele compartilha a mesma plataforma com os demais, tem mais ou menos as mesmas dimensões e a mesma oferta de equipamentos e tampouco se sobressai em espaço interno, porta-malas, design ou desempenho. Na ponta do lápis, o Polo não é de categoria superior, tanto que, na Europa, o Polo concorre com o Corsa (as versões disponíveis no Brasil são de gerações equivalentes), enquanto que aqui o modelo da Chevrolet está melhor posicionado com Fox e Gol.
O que leva a VW a tabelar tal preço no Polo? A imagem que esse carro terá no mercado. Um comprador de um Polo não é um comprador qualquer. É teoricamente alguém mais exigente, que foge das escolhas óbvias, e que não hesita em gastar mais por um produto em consonância com o mercado europeu (por mais que esta versão já nem esteja mais disponível ao velho continente!). Sem dúvidas, isso é uma imagem muito boa, muito longe da carinha de “custo-benefício” que o segmento de entrada ostenta. Dito de outra forma: paga-se a mais para evitar o custo-benefício. É assim que se descobre que um valor de um carro, boa parte dele, nada mais é que especulação. Estipula-se o preço nem tanto em cima do custo de fabricação ou dos impostos, mas por quanto o consumidor estará disposto a pagar.
Boatos dizem que o novo Fiesta, que virá do México (logo, sem taxa de importação), virá por R$50.000, para brigar com City. Se isso for verdade, ele custará exatamente o mesmo que o Focus. Nenhum imposto, nem modernidade do projeto, nem itens de série justifica esse preço. Este mesmo Fiesta, na Europa, veio substituir sua geração anterior, posicionando-se na mesma faixa de preço e com mais ou menos o mesmo porte de seu antecessor. Ou seja, teoricamente, nada impediria de ocorrer a mesma substituição aqui no Brasil.
No entanto, com o preço que está se antecipando por aqui, o que a Ford quer dizer é que ter um produto realmente novo, em compasso com que há de mais moderno em sua engenharia e equipe de design, é um privilégio de poucos. Seria uma ofensa a um carro assim tão atual ser do segmento de entrada. Trata-se de um Fiesta que merece concorrer com Focus, não com Classic; que merece acabamento diferenciado, itens tecnológicos, motor valente e o preço nas alturas. É assim que, “de repente”, a nova geração do Fiesta não é mais um compacto. Porque “compacto” no Brasil só poderia significar uma ofensa, uma defasagem, a doença de nosso subdesenvolvimento.
Não sou simpático a um carro peladão ou a um motor 1.0 tendo que empurrar o peso de um Fiesta. Mesmo assim, não tenho dúvidas que preferiria que ele substituísse a geração atualmente disponível no mercado daqui. Isso significaria que, a um preço mais próximo da maioria dos consumidores, seria oferecido um veículo em nível equivalente de segurança e dirigibilidade com o exigente mercado da Europa. Significaria oferecer nova plataforma, ergonomia e design. E essas são características que, no fim das contas, importam mais do que quais são seus equipamentos de série.
Encher o carro de equipamentos e lhe cobrar o preço “compatível” a tal oferta de conforto é, no fundo, camuflar a proposta original, o segmento verdadeiro do produto. Não é à toa que já se estranha, mesmo aqui entre leitores do NA, que o Polo pudesse ser da mesma categoria do Corsa ou do Clio. Mas todos esses foram pensados inicialmente para o mesmo consumidor, o mesmo segmento de mercado! Pelo visto, mesmo caminho está indo com o Fiesta, como se a novidade do projeto subitamente o tornasse artigo de luxo.
E cito estes dois, mas o leitor sabe que existem vários outros exemplos, em todas as marcas. A conclusão, mais flagrante a cada dia, é que, a quem quiser ser exigente, precisa pagar por sua exigência, precisa deixar uma de suas exigências (a do preço) de lado.
Qual será o limite do nosso mercado? Até que ponto gerações sucessivas poderão conviver em faixas diferentes de preço? Ficaremos cada vez mais longes dos produtos atualizados, porque estes precisarão ficar cada vez mais longes de suas reais categorias?
F NA
Apesar de sabermos que são bastante recorrente os debates sobre preços de carro no Brasil, existe um segmento no mercado que tem me intrigado muito e que espero poder contribuir para esse debate sem fim.
Trata-se, a grosso modo, do compacto premium. Há coisa nesse segmento que me irrita mais do que um Celta, uma Kombi ou um Gol G4. Estes, ao menos, se apresentam exatamente o que são: baratos, feios, mal fabricados e inseguros, portanto, atendem perfeitamente bem a pão-durice das empresas ou a exigência suprema de cidadões que não anseiam nada além do 0km estampado no painel. Aqui no NA, muitos reclamam, berram, xingam e choram, mas não tem jeito, estes veículos jamais saem de produção. Fala-se tanto sobre eles que de alguma forma já se tornaram inofensivos em sua obviedade.
No entanto, algo mais cínico e menos óbvio acontece nos compactos premium, como o Polo ou a nova geração do Fiesta, que está por vir. Um Polo 1.6, por exemplo, é certamente melhor que um Gol ou Fox de mesma motorização. Ele é mais refinado, melhor de dirigir e mais bem acabado, e isso já é justificativa para qualquer entusiasta, por mais que seu preço seja mais alto.
Mas esqueça tais critérios um momento… O fato é que ele compartilha a mesma plataforma com os demais, tem mais ou menos as mesmas dimensões e a mesma oferta de equipamentos e tampouco se sobressai em espaço interno, porta-malas, design ou desempenho. Na ponta do lápis, o Polo não é de categoria superior, tanto que, na Europa, o Polo concorre com o Corsa (as versões disponíveis no Brasil são de gerações equivalentes), enquanto que aqui o modelo da Chevrolet está melhor posicionado com Fox e Gol.
O que leva a VW a tabelar tal preço no Polo? A imagem que esse carro terá no mercado. Um comprador de um Polo não é um comprador qualquer. É teoricamente alguém mais exigente, que foge das escolhas óbvias, e que não hesita em gastar mais por um produto em consonância com o mercado europeu (por mais que esta versão já nem esteja mais disponível ao velho continente!). Sem dúvidas, isso é uma imagem muito boa, muito longe da carinha de “custo-benefício” que o segmento de entrada ostenta. Dito de outra forma: paga-se a mais para evitar o custo-benefício. É assim que se descobre que um valor de um carro, boa parte dele, nada mais é que especulação. Estipula-se o preço nem tanto em cima do custo de fabricação ou dos impostos, mas por quanto o consumidor estará disposto a pagar.
Boatos dizem que o novo Fiesta, que virá do México (logo, sem taxa de importação), virá por R$50.000, para brigar com City. Se isso for verdade, ele custará exatamente o mesmo que o Focus. Nenhum imposto, nem modernidade do projeto, nem itens de série justifica esse preço. Este mesmo Fiesta, na Europa, veio substituir sua geração anterior, posicionando-se na mesma faixa de preço e com mais ou menos o mesmo porte de seu antecessor. Ou seja, teoricamente, nada impediria de ocorrer a mesma substituição aqui no Brasil.
No entanto, com o preço que está se antecipando por aqui, o que a Ford quer dizer é que ter um produto realmente novo, em compasso com que há de mais moderno em sua engenharia e equipe de design, é um privilégio de poucos. Seria uma ofensa a um carro assim tão atual ser do segmento de entrada. Trata-se de um Fiesta que merece concorrer com Focus, não com Classic; que merece acabamento diferenciado, itens tecnológicos, motor valente e o preço nas alturas. É assim que, “de repente”, a nova geração do Fiesta não é mais um compacto. Porque “compacto” no Brasil só poderia significar uma ofensa, uma defasagem, a doença de nosso subdesenvolvimento.
Não sou simpático a um carro peladão ou a um motor 1.0 tendo que empurrar o peso de um Fiesta. Mesmo assim, não tenho dúvidas que preferiria que ele substituísse a geração atualmente disponível no mercado daqui. Isso significaria que, a um preço mais próximo da maioria dos consumidores, seria oferecido um veículo em nível equivalente de segurança e dirigibilidade com o exigente mercado da Europa. Significaria oferecer nova plataforma, ergonomia e design. E essas são características que, no fim das contas, importam mais do que quais são seus equipamentos de série.
Encher o carro de equipamentos e lhe cobrar o preço “compatível” a tal oferta de conforto é, no fundo, camuflar a proposta original, o segmento verdadeiro do produto. Não é à toa que já se estranha, mesmo aqui entre leitores do NA, que o Polo pudesse ser da mesma categoria do Corsa ou do Clio. Mas todos esses foram pensados inicialmente para o mesmo consumidor, o mesmo segmento de mercado! Pelo visto, mesmo caminho está indo com o Fiesta, como se a novidade do projeto subitamente o tornasse artigo de luxo.
E cito estes dois, mas o leitor sabe que existem vários outros exemplos, em todas as marcas. A conclusão, mais flagrante a cada dia, é que, a quem quiser ser exigente, precisa pagar por sua exigência, precisa deixar uma de suas exigências (a do preço) de lado.
Qual será o limite do nosso mercado? Até que ponto gerações sucessivas poderão conviver em faixas diferentes de preço? Ficaremos cada vez mais longes dos produtos atualizados, porque estes precisarão ficar cada vez mais longes de suas reais categorias?
F NA
Power...
Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
Como um carro na faixa de 40 mil não ter rodas, tapete e peito de aço?
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Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
Alexsandro Martins escreveu:Como um carro na faixa de 40 mil não ter rodas, tapete e peito de aço?
Essa do tapete, peito de aço não vir em qualquer categoria acho um absurdo, e ainda dizem que é brinde, cambada de sem vergonha!
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Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
nossos carros são no minimo o dobro do preço no US, isso q me deixa mais revoltado que tudo...
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- Motorista de Auto Escola
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Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
Nossos carros são CAROÇASSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS PAGAMOS CARO PRA ANDAR DE CARROÇA
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Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
tudo se resume à carga tributária...
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Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
A carga tributária e a sem vergonhisse das montadoras em querer ganhar lucros exorbitantes no brasil.. por saber que nos trouxas acabamos pagando o preço do carro que eles querem...
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Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
mas sério msm vou te confidenciar que a Fiat ganha muito pouco no carro em si, mas em relação aos opcionais...pq vidros elétricos traseiros custam mais de R$800 ou Pintura Metálica custa perto de R$1000...um detalhe interessante são os pacotes, que barateiam os opcionais, como os kit Creative no Punto, Attrative no Palio, Evolution, etc.
Vou estudar mais sobre isso e depois conto,
abrs,
Julio
Vou estudar mais sobre isso e depois conto,
abrs,
Julio
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Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
Olá,
A razão dos carros terem valores absurdos aqui no brasil, são os altos impostos que em um veiculo é de 40%, um carro fabricado aqui no brasil, se forem verificar na Argentina, paraguai, Uruguai etc, é bem menor devido aos impostos. Temos que aprender a votar e exigir nossos direitos. Um exemplo foi a redução do IPI que é apenas um dos impostos imbutidos em um carro, a diferença que fez no mercado.
Abraços.
A razão dos carros terem valores absurdos aqui no brasil, são os altos impostos que em um veiculo é de 40%, um carro fabricado aqui no brasil, se forem verificar na Argentina, paraguai, Uruguai etc, é bem menor devido aos impostos. Temos que aprender a votar e exigir nossos direitos. Um exemplo foi a redução do IPI que é apenas um dos impostos imbutidos em um carro, a diferença que fez no mercado.
Abraços.
- Piloto de Autorama
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Re: Ilusões de mercado – os compactos “premium”
Toda vez que vou pra Brasília não sei pq dá vontade de jogar umas 2 bombas lá... hauuhueahuehueahea
- Velha Guarda
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