Batendo um carro exótico, em primeira pessoa!
Enviado: Ter Out 05, 2010 4:15 pm*** Tenso.. rs ***
Faz tempo que não tenho pesadelos. Mas acho que depois de fazer este post, provavelmente terei algo horrível durante o sono - e vocês, também. Se vocês querem saber qual é a sensação de bater um carro exótico, em primeira pessoa, a hora é esta: Ferrari, Lotus, Porsche, Maserati, Dodge Viper. Falando em batida, dê três cascudos em um bom pedaço de madeira-de-lei depois de assistir aos vídeos. Vá por mim.
Ferrari 360, uma cadeia de montanhas, uma estrada paradisíaca. Combinação perfeita para um passeio bucólico - mas não era isso que o garoto de 22 anos ao volante queria. Ele sentiu a necessidade, a sede pela velocidade - the need for speed! E assim, desceu a bota na Ferrari do irmão.
Mas o piso estava úmido. E chão molhado não combina com tração traseira e diferencial autoblocante. O carro estava rápido demais para o traçado que o jovem desenhou - chamem-me de criminoso, mas para aquela velocidade, o cara realmente precisaria invadir parte da contra-mão para desenhar a curva. A traseira foi de uma vez, fom-fom no contra-esterço, câmera rolando no colo, derrapagens, árvores. Segundo o rapaz que filmou, os troncos ainda os salvaram de um desastre maior, impedindo a Ferrari de literalmente despencar.
Um punhado de esportivos compactos, estrada sinuosa, e o nosso amigo, em um belíssimo Lotus Elise verde-limão. Eis que surge uma curva à esquerda, com um cume exatamente no ponto de tangência. Resultado: um apaixonado beijo no guard-rail, de doer os ossos. Vou me poupar de explicar o acidente, porque o usuário Reiffan fez uma análise perfeita:
Típico erro de pilotagem. Você vê claramente, que há um cume. O Elise é um esportivo de entre-eixos curto e motor central, tendendo assim a ser sobre-esterçante. E foi o que aconteceu, especialmente quando pilota-se em marchas curtas e se alivia repentinamente o acelerador, o Elise irá sair de traseira em uma curva sobre um cume. Eu tenho certeza, que você estava despreparado e sem experiência em direção veloz, porque demorou muito para contra-esterçar.
Combinação diabólica: Nurburgring Nordschleife e um Porsche 911 preparado pela Tech Art. No segundo ou terceiro ponto mais veloz da pista, Kesselchen, o piloto bota uma das rodas na grama. A traseira sai repentinamente, o piloto reage rapidamente contra-esterçando, há um certo exagero na correção, e o bicho volta com tudo para o guard-rail externo. Mas naquela velocidade, não havia muito o que fazer. A batida é tão forte, que o 911 ainda bate do outro lado da pista.
Típico acidente de Nordschleife. Apesar da culpa ser do piloto ao deixar o Porsche espalhar demais, não posso crucificá-lo: é o tipo de coisa que acontece até com os melhores profissionais.
Já neste outro caso em Nordschleife, temos um acidente besta, causado por um erro primário. O bom observador vai sacar que a causa é parecida com a rodada da Ferrari 360 que abre o post. Mas embora o traçado estivesse incorreto (o motorista começou a curva por fora, mas saiu dela por dentro!), o que determinou o acidente deste Maserati foi o pneu traseiro esquerdo passando sobre a zebra interna à curva.
Se ele estivesse tocando o carro no limite, isso não seria um problema tão grande, pois a roda estaria com pouca carga. Indo vagarosamente como ele foi, a carga sobre aquele pneu estava maior, e por isso, quando perdeu aderência, isso afetou muito mais a dinâmica do carro. Uh - uh - uh! Crasshhhhh... que cena horrível.
Já este aqui é o pesadelo de qualquer piloto que bota um carro para correr: ficar sem freios, por superaquecimento. O Viper se saiu muito bem no crash-test do mundo real - fazia muito tempo que eu não via uma porrada tão feia em automobilismo amador. Bacana é o sangue-frio e a rapidez do instrutor: mal aconteceu o acidente, ele manda o piloto desligar a chave de ignição, cortando assim riscos de faíscas e vazamento de combustível em excesso - a bomba de gasolina também é elétrica, e no rompimento de uma mangueira, o vazamento sairia pressurizado pela bomba.
Agora, me dêem licença, por favor. Vou rezar um terço em homenagem aos pobres exóticos acidentados - e torcer para dormir bem esta noite...
F J
Faz tempo que não tenho pesadelos. Mas acho que depois de fazer este post, provavelmente terei algo horrível durante o sono - e vocês, também. Se vocês querem saber qual é a sensação de bater um carro exótico, em primeira pessoa, a hora é esta: Ferrari, Lotus, Porsche, Maserati, Dodge Viper. Falando em batida, dê três cascudos em um bom pedaço de madeira-de-lei depois de assistir aos vídeos. Vá por mim.
Ferrari 360, uma cadeia de montanhas, uma estrada paradisíaca. Combinação perfeita para um passeio bucólico - mas não era isso que o garoto de 22 anos ao volante queria. Ele sentiu a necessidade, a sede pela velocidade - the need for speed! E assim, desceu a bota na Ferrari do irmão.
Mas o piso estava úmido. E chão molhado não combina com tração traseira e diferencial autoblocante. O carro estava rápido demais para o traçado que o jovem desenhou - chamem-me de criminoso, mas para aquela velocidade, o cara realmente precisaria invadir parte da contra-mão para desenhar a curva. A traseira foi de uma vez, fom-fom no contra-esterço, câmera rolando no colo, derrapagens, árvores. Segundo o rapaz que filmou, os troncos ainda os salvaram de um desastre maior, impedindo a Ferrari de literalmente despencar.
Um punhado de esportivos compactos, estrada sinuosa, e o nosso amigo, em um belíssimo Lotus Elise verde-limão. Eis que surge uma curva à esquerda, com um cume exatamente no ponto de tangência. Resultado: um apaixonado beijo no guard-rail, de doer os ossos. Vou me poupar de explicar o acidente, porque o usuário Reiffan fez uma análise perfeita:
Típico erro de pilotagem. Você vê claramente, que há um cume. O Elise é um esportivo de entre-eixos curto e motor central, tendendo assim a ser sobre-esterçante. E foi o que aconteceu, especialmente quando pilota-se em marchas curtas e se alivia repentinamente o acelerador, o Elise irá sair de traseira em uma curva sobre um cume. Eu tenho certeza, que você estava despreparado e sem experiência em direção veloz, porque demorou muito para contra-esterçar.
Combinação diabólica: Nurburgring Nordschleife e um Porsche 911 preparado pela Tech Art. No segundo ou terceiro ponto mais veloz da pista, Kesselchen, o piloto bota uma das rodas na grama. A traseira sai repentinamente, o piloto reage rapidamente contra-esterçando, há um certo exagero na correção, e o bicho volta com tudo para o guard-rail externo. Mas naquela velocidade, não havia muito o que fazer. A batida é tão forte, que o 911 ainda bate do outro lado da pista.
Típico acidente de Nordschleife. Apesar da culpa ser do piloto ao deixar o Porsche espalhar demais, não posso crucificá-lo: é o tipo de coisa que acontece até com os melhores profissionais.
Já neste outro caso em Nordschleife, temos um acidente besta, causado por um erro primário. O bom observador vai sacar que a causa é parecida com a rodada da Ferrari 360 que abre o post. Mas embora o traçado estivesse incorreto (o motorista começou a curva por fora, mas saiu dela por dentro!), o que determinou o acidente deste Maserati foi o pneu traseiro esquerdo passando sobre a zebra interna à curva.
Se ele estivesse tocando o carro no limite, isso não seria um problema tão grande, pois a roda estaria com pouca carga. Indo vagarosamente como ele foi, a carga sobre aquele pneu estava maior, e por isso, quando perdeu aderência, isso afetou muito mais a dinâmica do carro. Uh - uh - uh! Crasshhhhh... que cena horrível.
Já este aqui é o pesadelo de qualquer piloto que bota um carro para correr: ficar sem freios, por superaquecimento. O Viper se saiu muito bem no crash-test do mundo real - fazia muito tempo que eu não via uma porrada tão feia em automobilismo amador. Bacana é o sangue-frio e a rapidez do instrutor: mal aconteceu o acidente, ele manda o piloto desligar a chave de ignição, cortando assim riscos de faíscas e vazamento de combustível em excesso - a bomba de gasolina também é elétrica, e no rompimento de uma mangueira, o vazamento sairia pressurizado pela bomba.
Agora, me dêem licença, por favor. Vou rezar um terço em homenagem aos pobres exóticos acidentados - e torcer para dormir bem esta noite...
F J
