Perspectivas: O que esperar para 2011?

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Perspectivas: O que esperar para 2011?

por rodrigodk » Qui Dez 30, 2010 10:07 am

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O Brasil está muito próximo de fechar seu quarto ano de recordes expressivos em vendas de automóveis. Algo quase impensável há cinco anos. De 2007 para cá, o volume de automóveis e comerciais leves entregues pelas fábricas deu um verdadeiro salto, passando de aproximadamente 2,3 milhões de unidades para cerca de 3,4 milhões estimados para 2010 pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). E ainda há muito para crescer. Ao menos é o que sugerem os mais de 80 lançamentos previstos para o ano que vem, entre reestilizações e modelos inéditos. Mas há espaço para tanta novidade? O governo e a indústria crêem que sim.

Nos últimos dias, a filial brasileira da Fiat anunciou a construção de uma nova fábrica, no estado de Pernambuco. Um investimento elevado de R$ 3 bilhões para aumentar a capacidade produtiva, um dos maiores problemas enfrentados pela indústria nacional. A produção está no “gargalo”, com o volume de pedidos muito maior do que a quantidade de carros que as linhas de montagem conseguem entregar. Ao mesmo tempo, o mercado de veículos importados está efervescente, com sucessivos recordes e uma quantidade impressionante de lançamentos – vide a dupla sul-coreana Hyundai-Kia no Salão do Automóvel de São Paulo, aberto no fim de outubro.

A facilidade em obter crédito para financiamento de veículos foi um dos principais fatores que impulsionaram a indústria nesse crescimento em ritmo acelerado dos últimos anos. Mesmo quando os mercados desenvolvidos (Estados Unidos, Europa e Japão) foram derrubados pela crise, o Brasil seguiu firme. Uma manobra – muito eficiente, diga-se de passagem – do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva “injetou” R$ 8 bilhões em crédito para compra de carros novos e cortou o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Com isso, a crise passou longe do mercado brasileiro, integrante do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), o quarteto do momento.

Para 2011, a realidade segue promissora. Mas o cenário é outro. O desconto no IPI acabou. E no início de dezembro o Banco Central e o Conselho Monetário Nacional anunciaram a retirada de R$ 61 bilhões em crédito do mercado, além de novas regras para os financiamentos. Agora, quem quiser comprar um carro zero quilômetro financiado terá de quitar pelo menos 20% do valor do veículo no ato da assinatura do contrato com a financeira – isso nos planos de 24 a 36 meses. Para as operações de 48 a 60 meses, a entrada mínima será de 30% do valor total do automóvel. Ou seja, fim de festa. Não será mais possível comprar carro zero sem entrada.

“O mercado deve crescer entre 6% e 7%, mesmo com a mudança promovida pelo governo, obrigando a dar entrada nos financiamentos. O impacto agora será menor porque os próprios bancos já estavam controlando suas operações. Quando uma pessoa faz um financiamento de 72 meses ou mais, a prestação no fim fica maior que o bem que se tem nas mãos. É o mesmo conceito que aconteceu nos Estados Unidos no fim de 2008, e que ocasionou a crise financeira. Isso poderia acontecer aqui também. Então, as medidas visam reduzir um pouco esse risco”, avalia Luiz Carlos Augusto, diretor superintendente da JATO Dynamics do Brasil.

Apesar dos cortes no crédito, otimismo impera

Segundo a Anfavea, 2010 deve se encerrar com um crescimento expressivo de 9,8% nos emplacamentos e 3,45 milhões de unidades entregues. Para 2011, a entidade projeta 3,63 milhões de veículos – um avanço de 5,2% nas vendas. Ou seja, a restrição ao crédito de fato não assustou a indústria. “A medida foi acertada, para evitarmos uma possível bolha no consumo, provocando talvez um desabastecimento em função da alta procura. Para sabermos se o remédio foi dado na dose certa, somente o tempo pode dizer. Mas se a dose foi pequena ou grande, tem muita gente observando”, pontua o especialista Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive.

“O impacto maior será entre os consumidores de pequena renda, onde não existia a necessidade de entrada. Era possível comprar um veículo com até zero de entrada e longo financiamento. Mas acredito muito na criatividade do mercado brasileiro. Acho até que todos estão buscando formulas alternativas para contornar o problema, tipo como é feito atualmente na compra de imóveis. Paga-se a entrada parcelada a cada seis meses”, exemplifica Garbossa. Daí a necessidade de lançamentos. “Quem não lançar nada num mercado tão ávido por novidades com certeza perde o trem das vendas. Ninguém na atual conjuntura quer perder share”, concluí o consultor da ADK.

Para Rogério Cezar de Souza, economista-chefe do IEDI (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), a restrição ao crédito deve afetar as vendas no início do ano que vem, embora tenha sido acertada. “Foi a medida menos amarga para a economia como um todo. Pode afetar mais o setor automobilístico, mas a própria indústria deve se valer dela a longo prazo. O mercado interno está pujante, o consumo muito alto e todos os indicadores mostram que os rendimentos estão crescendo. Só que o crédito estava crescendo também. E isso gerou pressão, não só de oferta, mas também de inflação. O governo identificou essa pressão sobre as pessoas e a capacidade instalada das empresas e tinha que conter a demanda”, resume Rogério.

De acordo com o economista do IEDI, o controle do fluxo de crédito nos financiamentos de carros tem como principal objetivo promover um crescimento sustentável da indústria automobilística. “Há uma demanda represada muito grande que precisa ser contida. O consumo tem de ser saudável, as famílias estão se endividando em longuíssimo prazo. Evidentemente são bens duráveis, mas é preciso tomar cuidado, isso pode ser mais diluído. Vai ter para todo mundo. E há condições dos próprios setores se organizarem melhor. Se o governo elevasse na taxa de juros, o câmbio valorizaria. Assim, entraria mais dinheiro e haveria a concorrência de fora. O carro importado competiria ainda mais com o produto nacional”, raciocina Rogério.

Os chineses, enfim, chegaram. E agora?

Se a indústria brasileira está otimista para 2011, mais ainda estão os chineses. Durante todo o ano serão lançados no País novos modelos orientais de diferentes marcas, quase todos mostrados na 26ª edição do Salão de São Paulo, há cerca de dois meses. Lá estavam presentes diversas marcas como Chery, Chana, Effa Motors, Haima, Lifan, Brilliance e a JAC Motors – administrada pelo ex-presidente da Citroën do Brasil, o empresário Sergio Habib. Das chinesas, a mais aguardada pelo mercado é a JAC Motors, que promete fazer uma revolução, com carros equiparados aos nacionais em nível de acabamento, um dos aspectos mais criticados até agora.

“O Habib mudou tudo, modificou muito os carros para trazer para cá. Ele quer atingir o segmento acima do de entrada, que é o foco das outras marcas. Já a imagem é o mesmo processo de globalização que se passou no Japão e, recentemente, na Coreia. Há 20 anos muita gente tinha algum preconceito contra os carros japoneses. Hoje o mercado vê Toyota e Honda com confiança. Os coreanos seguem na mesma linha. A globalização ajuda a melhorar isso. As chinesas são marcas que o brasileiro ainda desconfia. O preconceito deve durar uns dois ou três anos. Mas querendo ou não, teremos carros chineses nas ruas. Eles vêm pra ficar”, Luiz Carlos, da JATO.

“As chinesas já estão entrando, mas vão demorar um tempo para amadurecer a ideia no consumidor sobre seus produtos. Porém, esse tempo será menor, a exemplo dos coreanos, que demoraram menos que os japoneses. Os chineses vão demorar ainda menos que os coreanos. O Sergio Habib sempre trabalhou num segmento mais alto, onde o valor agregado e conteúdo são maiores que os de entrada. Mas a maturação das marcas chinesas será a mesma em qualquer segmento. Não se trata do produto em si. É a origem que ainda assusta. Mesmo a JAC Motors precisará de um tempo maior de maturação no Brasil”, completa Paulo Garbossa, da ADK Automotive.

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Re: Perspectivas: O que esperar para 2011?

por shadowcps » Qui Dez 30, 2010 8:15 pm

francamente ? concordo com as regras para controlar a venda de zeros e explico: o camarada ao invés de comprar um semi-novo, partia para um zero financiado em n+x vezes, sem entrada porém, esquecendo que o carro se deprecia, exige manutenção, pagamento de impostos (a roubalheira) ou seja, estaria pagando as n+x-50 vezes o financiamento de um zero mas andando em carro talvez, sem manutenção e em paralelo os semi-novos encalhados nas lojas perdiam valor a cada dia, para desespero de quem há 1 ano ou 2 atrás havia pago nominimo us 10 mil a mais pelo que pagam no carro na troca por um outro zero. Na boa e sem ofender / desmerecer ninguem mas com isso o mercado voltará aos eixos pq, vamos e convenhamos, quem comprava carro zero antes continuará comprando. Agora, sobre o IPI e outros impostos esse (des)governo se faz de João sem-braço...
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Re: Perspectivas: O que esperar para 2011?

por AlexJW » Sex Dez 31, 2010 12:33 pm

Concordo plenamente com o Shadow.

E digo mais. Não entendo como o mercado de automóveis cresce tanto no Brasil, um país que cobra uma das maiores cargas tributárias sobre a indústria automotiva do mundo, e onde as Montadoras praticam as suas maiores margens de lucro em todo o planeta.

É uma equação perversa: CARGA TRIBUTÁRIA INDECENTE + MARGEM DE LUCRO PORNOGRÁFICA = PREÇOS FANTASMAGÓRICOS.

Outro dia li uma reportagem sogre o Honda City. Aqui no Brasil o mais barato sai a inacreditáveis R$55.000,00. No México, país que tem carga tributária semelhante a do Brasil, o carrinho dos Japas saltitantes sai a justos R$30.000,00, ou seja, impensáveis R$25.000 a menos!!!!!

E detalhe, lá no México o City é MUITO MAIS COMPLETO.

Na boa, fico com tanta raiva que dá vontade de tirar a cueca pela cabeça.... (~X()
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    Re: Perspectivas: O que esperar para 2011?

    por je9445 » Seg Jan 03, 2011 12:15 pm

    revoltante mesmo......
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