RTC comentou: 05/10/2011 - 15:38
Trabalho em uma montadora e posso afirmar a todos vocês que o custo de produção de um veículo popular não passa de R$ 10,000. Baseado nisso, calculem o lucro...
Muito Simples: PAREM DE COMPRAR CARROS NOVOS E VAMOS PARA AS RUAS PROTESTAR!!
Mau comentou: 05/10/2011 - 15:32
É verdade, no "exterior" um Gol 1.6 (COMPLETO) custa R$ 16 mil reais; e aqui chega a R$ 40 mil reais; e nós, sem qualquer pesquisa ou estudo, estamos achando que é o lucro da montadora a exorbitância a ser encontrada.
Então está bem, pra quem realmente quer saber o que acontece (tem que ler até o final), vou dizer, em breves palavras (nem tanto), a composição do preço de um carro (serve para geladeira, fogão, camiseta, e qualquer produto que se compre neste país - as alíquotas mudam um pouco, mas no final você compra uma mercadoria e paga outra para o Governo):
Para a União - leia-se Presidência da República: IPI (min. de 12%), PIS e COFINS (juntos 9.25%) = 21,25%
Para os Estados: ICMS (24%) = 22%
Então 16 mil reais + 43,25% = R$ 22.920
Nesse ponto, todos vão dizer: "não falei, vejam a conta, o valor prova a alegação de lucro exorbitante".
Mas é mero engano, acho inclusive que as Fábricas deveriam apontar o custo tributário em suas página na internet.
Vejam, refizermos os cálculos e agora considerarmos esses 43,25% de custo direto, aplicando sobre cada pneu, parafuso, pára-choque, lanerna, e todas as outras peças Nacionais (não acha que a montadora planta uma árvore de carros ou que ela fabrica tudo né); chegamos ao custo final de R$ 22.920 mil.
Assim, pegue os R$ 22.920 mil (que é o custo inicial) e some os 43,25% para a venda final; e teremos quase R$ 33.000 mil reais (estou chegando perto né - aqui ele custa R$ 38.000,00).
Bom, haverá quem diga que o valor não está correto, mas observe que ele não provará o certo.
Aliás, para quem disser que há crédito na compra, peço observar que não coloquei aqui os inúmeros casos de Diferimento (pago na entrada da Fabrica e pela Fábrica), nem mesmo as revendas (compra de terceiro e vende para Fábrica).Outrossim, para quem quiser fazer conta exata, considere na sua conta os inúmeros produtos que NÃO dão direito ao crédito, apesar de compor o custo mercadoria (p. ex. Publicidade/Comunicação), além das inúmeras Importações sem direito a crédito e que ultrapassam os 50% de tributos (às vezes chegam a 100% do valor da importação).
Enfim, fiz apenas uma conta simples, para demonstrar o tamanho dos tributos incidentes na cadeia de produção.
Ah! Para quem disse que alíquota é de 12% de ICMS, peço computarem em sua conta a substituição tributária. Isto mesmo, uma invenção que foi aprimorada pelo Governo Brasileiro; e que consiste em fazer com que a fábrica/montadora pague antecipadamente os tributos (geralmente o ICMS sobre a venda final = 12% da Fábrica + 12% da Concessionária para o consumidor = 24% de ICMS) das próximas vendas até o consumidor final.
E se alguém perguntar como é feita a conta para a venda final que ainda não existiu, peço que perguntem ao órgão fazendário.
Aliás, o custo Brasil vai além, temos ainda os valores que compõem a mão de obra (20% de INSS - esse não é do empregado mas só do empregador/Patrão), sem falar nas ações judiciais tributárias (não vou nem falar nas trabalhistas, pois se existe regra é para ser cumprida, não importando o quanto custe).
Nesse particular (disputas judiciais tributárias), vale dizer que se compõem de valores milionários, tudo porque a montadora/indústria deduziu uma despesa legítima, mas que para o Governo (Fazenda) autuou, com Multa de 150% porque em uma Lei, em algum lugar, diz que esta despesa, não é despesa para fins fiscais.
Outrora, a Fiscalização impõe uma nova obrigação e faz com que a empresa monte um novo departamento dentro de suas Unidades, apenas para atender ao Fisco (vejam os possíveis nomes de depto. como SPED, Controladoria, Contabilidade, Fiscal, Planejamento Tributário, Faturista, etc.....).
Tudo isto é o custo Brasil, que é embutido no preço. E eu também colocaria tudo no preço e adicionaria ainda a incerteza de juros, os aborrecimentos com o Governo, as possíveis novas autuações fiscais.
Imagine se você tivesse um serviço ou um produto que todo mundo quisesse e passasse por tudo isso ao longo dos anos, você não incluiria no seu preço.
No final, sabe o que é pior, nós brasileiros pagamos a conta. Pior ainda, é achar que a grande maioria parou de ler esta crítica no segundo parágrafo, ou os que leram até o final, não cobrarem mudanças de seus respectivos políticos, aqueles eleitos por seus votos (pode começar por um e-mail a este político).