[REPORTAGEM] O Pneu sumiu!

O Punto nao foi citado....que bom!! hehe
"O pneu sumiu! Rádio não é mais a preferência dos ladrões.
Fonte UOL
Carro arrombado, sinônimo de som furtado. Essa premissa não está mais correta. A nova modalidade dos bandidos é furtar o estepe. A explicação está na mais simples regra de mercado: oferta e procura. O barateamento e a diversificação das marcas de rádios e a maior opção de modelos vindos acoplados de fábrica aos veículos, fizeram com que os ladrões passassem a procurar um "bem" mais valioso. Atualmente, um rádio simples, pode ser comprado por até R$150 em qualquer site na internet. No entanto, um estepe, não sai por menos de R$300.
A estudante Júlia Moreira, 20 anos, teve o seu Citroen C3 arrombado três vezes. "Nas duas primeiras, levaram só o rádio e alguns CD's do porta-luvas, mas o que mais me impressionou foi o último arrombamento, levaram o estepe que eu sequer tinha usado! O prejuízo foi muito maior por conta de comprar uma roda nova, pneu e consertar o vidro".Para arrombar o C3, que estava estacionado na rua, os ladrões estouraram o vidro vigia (lateral), destravaram a porta e consequentemente o porta-malas. Eles nem mexeram no som do carro ou furtaram nada que estava dentro. "O objetivo era mesmo o estepe, que hoje, é muito mais caro do que o rádio. Nesse roubo, eu perdi cerca de R$700, enquanto o meu rádio custa R$300. Isso porque o meu seguro arcou com as despesas do vidro".
Antônio Marcos da Cruz, gerente de vendas da Roma Pneus, revendedora da Goodyear, confirma o "gosto" dos infratores pelo Citroen C3. Segundo ele, nos últimos 8 meses, as vendas de um só pneu sobressalente aumentaram muito e os mais procurados são para o compacto da marca francesa. "Acredito que seja pela ausência de alarme sonoro", afirma o gerente. Em média, um pneu novo para o modelo custa R$390 e as rodas em torno de R$250, totalizando um prejuízo mínimo de R$640. Já a reposição do vidro vigia do C3 custa R$198. No fim, o consumidor gasta para reparar o dano aproximadamente R$850.
A Carglass, líder em reparo e troca de vidros, notou um aumento de 19,24% no atendimento para a troca e reparo dos vidros laterais de setembro de 2008 a agosto de 2009 em relação ao mesmo período do ano anterior. O estado de São Paulo, que tem a maior frota do país, lidera os sinistros com 34,06% do volume total. Já a cidade de São Paulo aumentou o número de atendimentos em 40% de 2007 para 2009 e hoje é responsável por 17% dos atendimentos desse tipo, ou seja, quase 8.800 atendimentos por ano somente nesta rede de lojas. Obviamente não é possível afirmar quantos deles foram arrombados por furto de rádio ou de pneus, mas o diretor comercial da Carglass Brasil, Fabiano Telatin, diz que "Percebemos que esse tipo de ocorrência, infelizmente, está relacionada diretamente com a criminalidade, em especial nos grandes centros urbanos". O trabalho aumentou tanto que a própria Carglass passou a comercializar uma película antivandalismo que tem como objetivo retardar o tempo de ação do infrator. "Um vidro automotivo sem película leva em média três segundos para ser arrombado. Com esse novo dispositivo, a mesma ação dura de 30 segundos a dois minutos, dependendo da ferramenta utilizada, possibilitando a reação e defesa do motorista", esclarece o executivo.
Com M.G., jornalista, 31 anos, a história foi diferente. Ele não percebeu que tinha sido assaltado. Seu carro, um Renault Sandero, tem o estepe localizado embaixo do veículo e somente quando a peça começou a se arrastar no chão e fazer barulho ele percebeu que estava sem o pneu. "Não sei direito onde roubaram, mas nessa época, eu estava fazendo um trabalho no centro de São Paulo e por isso parava em vários estacionamentos diferentes. Pode ter sido aí." É muito comum a reclamação de clientes de estacionamentos em relação ao estepe. Mas, não é possível comprovar o furto já que raramente o cliente confere o estepe na entrega e na devolução do seu carro. "Eu ainda não coloquei um novo estepe, estou trocando de carro e o novo proprietário vai arcar com esse custo." No entanto, enquanto não coloca o equipamento, M.G. corre o risco de ter um pneu furado e não ter com o que trocar, além de pagar a multa de R$127,69 se for parado em uma fiscalização.
Para carros onde o pneu sobressalente fica exposto, o problema é ainda mais recorrente. O casal Laura Farled e Murilo Inforsato já sofreu três furtos de estepe nos últimos dois anos. O primeiro aconteceu quando eles tinham um Fiesta no modelo antigo, em que o estepe tem a mesma localização do Renault Sandero. Venderam o Fiesta e compraram um CrossFox e pouco tempo depois, o estepe foi furtado em plena luz do dia em Santo André. "O prejuízo foi de R$500, isso porque abrimos mão de colocar roda de liga-leve, que era o que tínhamos. Com medo de um novo roubo, colocamos pneus novos em uma roda de aço e também compramos um cabo de aço com cadeado". Com a proteção extra, o casal achou que estaria imune a um novo furto, mas foram novamente surpreendidos. Desta vez, foi durante a noite no bairro do Ipiranga. "O ladrão levou o pneu, mas deixou como lembrança o cabo de aço, cortado ao meio. Depois disso, decidimos novamente trocar de carro e um dos pré-requisitos para adquirir um novo foi a localização do estepe." Entre os diversos modelos pesquisados, o casal escolheu um Chevrolet Meriva.
A Cabosul, uma das fabricantes de cabos de aço para proteção de estepe, teve que expandir seu mercado de atuação devido a demanda, que aumentou 100% no último ano. A gama de produtos também aumentou aumentou. Há três tipos de cabos: de 1m (que serve para carros, picapes pequenas e vans), de 1,5m (destinado a picapes grandes) e de 0,68m, desenvolvido especialmente para o Fiat Uno, que tem grande número de ocorrências pelo fato do estepe ficar no capô. Prova disso é o flagrante que registramos em uma câmera de segurança em que é possível ver a agilidade dos ladrões.
Segundo Marcio Rodrigues, representante de vendas da Cabosul, 80% dos produtos comercializados são para modelos com estepes expostos como CrossFox, EcoSport, Idea Adventure e Dobló Adventure, além de Sandeiro, Fiesta e Ford Ka com estepes externos. Já os outros 20% são para carros com estepe interno, que tem entre os mais solicitados para: Celta, Fiesta e Gol. Vendido nas concessionárias e principais lojas de acessórios, o equipamento custa a partir de R$90.
Não há estatísticas oficiais que comprovem o aumento de furtos de estepes. O motivo pode ser explicado pelos estudos da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, que mostram que o Brasil é um dos países com o menor índice de registro de Boletim de Ocorrência nos casos de carros vandalizados. Apenas 0,9% registra B.O.. No caso de furto de automóvel, o número de registros sobe para 18,3%. Nos dois casos, o número de notificações é muito menor do que na maioria dos outros países. "
"O pneu sumiu! Rádio não é mais a preferência dos ladrões.
Fonte UOL
Carro arrombado, sinônimo de som furtado. Essa premissa não está mais correta. A nova modalidade dos bandidos é furtar o estepe. A explicação está na mais simples regra de mercado: oferta e procura. O barateamento e a diversificação das marcas de rádios e a maior opção de modelos vindos acoplados de fábrica aos veículos, fizeram com que os ladrões passassem a procurar um "bem" mais valioso. Atualmente, um rádio simples, pode ser comprado por até R$150 em qualquer site na internet. No entanto, um estepe, não sai por menos de R$300.
A estudante Júlia Moreira, 20 anos, teve o seu Citroen C3 arrombado três vezes. "Nas duas primeiras, levaram só o rádio e alguns CD's do porta-luvas, mas o que mais me impressionou foi o último arrombamento, levaram o estepe que eu sequer tinha usado! O prejuízo foi muito maior por conta de comprar uma roda nova, pneu e consertar o vidro".Para arrombar o C3, que estava estacionado na rua, os ladrões estouraram o vidro vigia (lateral), destravaram a porta e consequentemente o porta-malas. Eles nem mexeram no som do carro ou furtaram nada que estava dentro. "O objetivo era mesmo o estepe, que hoje, é muito mais caro do que o rádio. Nesse roubo, eu perdi cerca de R$700, enquanto o meu rádio custa R$300. Isso porque o meu seguro arcou com as despesas do vidro".
Antônio Marcos da Cruz, gerente de vendas da Roma Pneus, revendedora da Goodyear, confirma o "gosto" dos infratores pelo Citroen C3. Segundo ele, nos últimos 8 meses, as vendas de um só pneu sobressalente aumentaram muito e os mais procurados são para o compacto da marca francesa. "Acredito que seja pela ausência de alarme sonoro", afirma o gerente. Em média, um pneu novo para o modelo custa R$390 e as rodas em torno de R$250, totalizando um prejuízo mínimo de R$640. Já a reposição do vidro vigia do C3 custa R$198. No fim, o consumidor gasta para reparar o dano aproximadamente R$850.
A Carglass, líder em reparo e troca de vidros, notou um aumento de 19,24% no atendimento para a troca e reparo dos vidros laterais de setembro de 2008 a agosto de 2009 em relação ao mesmo período do ano anterior. O estado de São Paulo, que tem a maior frota do país, lidera os sinistros com 34,06% do volume total. Já a cidade de São Paulo aumentou o número de atendimentos em 40% de 2007 para 2009 e hoje é responsável por 17% dos atendimentos desse tipo, ou seja, quase 8.800 atendimentos por ano somente nesta rede de lojas. Obviamente não é possível afirmar quantos deles foram arrombados por furto de rádio ou de pneus, mas o diretor comercial da Carglass Brasil, Fabiano Telatin, diz que "Percebemos que esse tipo de ocorrência, infelizmente, está relacionada diretamente com a criminalidade, em especial nos grandes centros urbanos". O trabalho aumentou tanto que a própria Carglass passou a comercializar uma película antivandalismo que tem como objetivo retardar o tempo de ação do infrator. "Um vidro automotivo sem película leva em média três segundos para ser arrombado. Com esse novo dispositivo, a mesma ação dura de 30 segundos a dois minutos, dependendo da ferramenta utilizada, possibilitando a reação e defesa do motorista", esclarece o executivo.
Com M.G., jornalista, 31 anos, a história foi diferente. Ele não percebeu que tinha sido assaltado. Seu carro, um Renault Sandero, tem o estepe localizado embaixo do veículo e somente quando a peça começou a se arrastar no chão e fazer barulho ele percebeu que estava sem o pneu. "Não sei direito onde roubaram, mas nessa época, eu estava fazendo um trabalho no centro de São Paulo e por isso parava em vários estacionamentos diferentes. Pode ter sido aí." É muito comum a reclamação de clientes de estacionamentos em relação ao estepe. Mas, não é possível comprovar o furto já que raramente o cliente confere o estepe na entrega e na devolução do seu carro. "Eu ainda não coloquei um novo estepe, estou trocando de carro e o novo proprietário vai arcar com esse custo." No entanto, enquanto não coloca o equipamento, M.G. corre o risco de ter um pneu furado e não ter com o que trocar, além de pagar a multa de R$127,69 se for parado em uma fiscalização.
Para carros onde o pneu sobressalente fica exposto, o problema é ainda mais recorrente. O casal Laura Farled e Murilo Inforsato já sofreu três furtos de estepe nos últimos dois anos. O primeiro aconteceu quando eles tinham um Fiesta no modelo antigo, em que o estepe tem a mesma localização do Renault Sandero. Venderam o Fiesta e compraram um CrossFox e pouco tempo depois, o estepe foi furtado em plena luz do dia em Santo André. "O prejuízo foi de R$500, isso porque abrimos mão de colocar roda de liga-leve, que era o que tínhamos. Com medo de um novo roubo, colocamos pneus novos em uma roda de aço e também compramos um cabo de aço com cadeado". Com a proteção extra, o casal achou que estaria imune a um novo furto, mas foram novamente surpreendidos. Desta vez, foi durante a noite no bairro do Ipiranga. "O ladrão levou o pneu, mas deixou como lembrança o cabo de aço, cortado ao meio. Depois disso, decidimos novamente trocar de carro e um dos pré-requisitos para adquirir um novo foi a localização do estepe." Entre os diversos modelos pesquisados, o casal escolheu um Chevrolet Meriva.
A Cabosul, uma das fabricantes de cabos de aço para proteção de estepe, teve que expandir seu mercado de atuação devido a demanda, que aumentou 100% no último ano. A gama de produtos também aumentou aumentou. Há três tipos de cabos: de 1m (que serve para carros, picapes pequenas e vans), de 1,5m (destinado a picapes grandes) e de 0,68m, desenvolvido especialmente para o Fiat Uno, que tem grande número de ocorrências pelo fato do estepe ficar no capô. Prova disso é o flagrante que registramos em uma câmera de segurança em que é possível ver a agilidade dos ladrões.
Segundo Marcio Rodrigues, representante de vendas da Cabosul, 80% dos produtos comercializados são para modelos com estepes expostos como CrossFox, EcoSport, Idea Adventure e Dobló Adventure, além de Sandeiro, Fiesta e Ford Ka com estepes externos. Já os outros 20% são para carros com estepe interno, que tem entre os mais solicitados para: Celta, Fiesta e Gol. Vendido nas concessionárias e principais lojas de acessórios, o equipamento custa a partir de R$90.
Não há estatísticas oficiais que comprovem o aumento de furtos de estepes. O motivo pode ser explicado pelos estudos da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, que mostram que o Brasil é um dos países com o menor índice de registro de Boletim de Ocorrência nos casos de carros vandalizados. Apenas 0,9% registra B.O.. No caso de furto de automóvel, o número de registros sobe para 18,3%. Nos dois casos, o número de notificações é muito menor do que na maioria dos outros países. "