Fonte:
http://infoener.iee.usp.br/infoener/hem ... /78058.htmNº: 78058
Gazeta Mercantil
Data: 24/03/2004
Flex Fuel, dois combustíveis e um aditivo
São Paulo, 24 de Março de 2004 - Modelos a álcool e/ou gasolina requerem produtos específicos; uso indiscriminado pode causar danos ao motor. Com a chegada do veículos com tecnologia bicombustível -que hoje já representam 13% das vendas de carros zero-quilômetro-, mais conhecidos como Flex Fuel, duas empresas acabam de colocar no mercado aditivos específicos para esse nicho, que tem um grande diferencial, que é servir ao mesmo tempo para dois combustíveis: álcool e gasolina no mesmo tanque, misturados em qualquer proporção. Os produtos são o Flexpower, da ACDelco, e o Flex, da Bardahl.
Os problemas causados no motor são diferentes dependendo do combustível utilizado. Por exemplo: a gasolina, principalmente a de má qualidade, causa o acúmulo de uma borra -um tipo de goma- no coletor de admissão, contaminando o óleo lubrificante e sujando os bicos injetores. Já com o álcool, toda a problemática surge com o hidróxido de alumínio, proveniente não do combustível, mas da corrosão da bomba de combustível. Fato comum em postos de abastecimento que não têm grande rotatividade. O hidróxido de alumínio, na forma de gel, entope o pré-filtro de combustível, que pode até dar pane seca no veículo. Ou seja: o aditivo Flex tem dois trabalhos, dois inimigos a combater.
A fórmula, porém, é diferente dependendo do produto. Diferentemente do produto da ACDelco, o Flex, da Bardahl, não prevê a solvência do gel de alumínio, e promete a manutenção dos bicos injetores limpos e a prevenção dos depósitos nas válvulas de admissão, reduzindo o consumo de combustível e a emissão de poluentes.
Cuidados
Segundo dados da ACDelco, a colocação de aditivos direcionados apenas para o álcool ou para gasolina podem ser nocivos para o motor Flex Fuel. "O maior problema dos aditivos apenas para gasolina ou álcool, se utilizados nos veículos Flex Fuel, é que muitos produtos não são missíveis, ou seja, não se misturam a um dos combustíveis; essa química que não se misturou à gasolina ou ao álcool vai entupir o pré-filtro de combustível, que irá absorver todo o excedente. Aí é que está a diferença do aditivo Flexpower, a missividade nos dois combustíveis", afirma o coordenador do laboratório de combustível e lubrificantes de engenharia de materiais da GM -ACDelco é uma das empresas da General Motors-, Djalma de Mello.
A Bosch, por meio de seu gerente de desenvolvimento de produtos, Fábio Ferreira, reitera que a preocupação com a missividade dos aditivos de combustível é real e que pode sim causar danos e prejuízo financeiro aos consumidores desavisados.
Muitas montadoras e fornecedores, no entanto, são contrários à utilização de qualquer tipo de aditivo de combustível. "Problemas com sujeiras nos bicos injetores e borra são problemas para a assistência técnica, a Fiat não indica o uso de qualquer aditivo nos carros da marca, que são projetados para usar gasolina ou álcool comum sem problema algum", fala o assessor técnico da Fiat Automóveis, Carlos Henrique Ferreira. Segundo ele, a montadora não realizou testes com esse tipo de substância em seus motores. Da mesma forma, a Volkswagen, também, no manual do proprietário, não sugere a utilização de aditivo de combustível, independentemente do modelo.
Das montadoras que têm modelos bicombustíveis em sua linha, apenas a General Motors recomenda a utilização de aditivo específico para os Flex Fuel -nos modelos GM há uma etiqueta que alerta o consumidor sobre o aspecto nocivo dos aditivos não específicos para os bicombustíveis. Estranhamente, a Delphi, empresa que desenvolveu a tecnologia bicombustível para a maioria dos modelos da montadora -Novo Corsa, Meriva e Montana-, por meio de sua assessoria de imprensa, informa que "não recomenda nenhum tipo de aditivo para melhorar a performance de motores bicombustível. Segundo a empresa, "até o momento nenhum teste foi feito para comprovar a eficácia, ou não, dos produtos em questão".
ACDelco
"O mercado de aditivos no Brasil é estimado em 1,2 milhão de litros por mês, desse total, queremos 18% com a nossa linha que engloba produtos para álcool, gasolina e Flex Fuel", conta o diretor de operações da ACDelco América do Sul, José Luiz Parisatto. A empresa de propriedade da General Motors faturou R$ 150 milhões no ano passado, 30% mais que em 2002. Distribuído nas concessionárias GM, como produto original, a ACDelco agora quer ampliar o seu leque de distribuição.
"Vamos ter como alvo agora o público que compra aditivos em supermercados e postos de gasolina, além, claro, das concessionárias GM", fala Parisatto.
Uma curiosidade da marca ACDelco é que apesar de participar nos segmentos de baterias, lubrificantes, sistemas de freio, a empresa não tem nenhuma fábrica. "Somos uma Nike do setor, administramos a qualidade dos nossos fornecedores que colocam a nossa grife em seus produtos, nós mesmos não produzimos nada", explica o diretor de operações da América do Sul.
(Caderno Carro8)(Renato Acciarto)